A forma mais letal
e difundida de legalismo, talvez seja aquela que acrescenta leis à lei de Deus
e considera tais acréscimos como se fossem a lei divina. Os profetas do Antigo
Testamento expressaram a ira de Deus contra esta forma de comportamento, que
eles reputaram uma imposição desnecessária à consciência dos homens, onde Deus os
deixara livres. Impor seu próprio senso de propriedade sobre outras pessoas,
procurando conformidade das massas às suas próprias preferências e
acrescentando insulto à lei de Deus, por declarar que estes preconceitos e
preferências são a vontade de Deus – isto é uma manifestação do estado caído do
homem. O ponto frequente de conflito entre Jesus e os fariseus se centralizou
nas tradições dos fariseus, que impunham coisas difíceis às pessoas que eram
constrangidas por obrigações criadas por homens. Jesus reprovou os fariseus
porque eles haviam elevado as tradições ao nível da lei de Deus, procurando não
somente usurpar a autoridade de Deus, mas também oprimir as pessoas.
A elevação da preferência humana ao
nível de mandato divino não se limita a um grupo isolado de fariseus moralistas
no século I. Este problema tem afligido a igreja no decorrer de sua história.
Não somente se desenvolveram tradições que foram acrescentadas à lei de Deus,
mas também, em muitos casos, elas se tornaram os testes supremos da fé, os
testes decisivos pelos quais indivíduos eram considerados cristãos ou não
cristãos. Segundo o Novo Testamento, é impensável que o compromisso cristão de
uma pessoa seria determinado por tal pessoa se envolver ou não em dançar, por
usar batom ou coisas semelhantes. Infelizmente, quando estas preferências se
tornam os testes da fé, elas não somente envolvem a elevação de preceitos não
bíblicos ao nível da vontade de Deus, mas também representam a vulgarização da
retidão. Quando coisas exteriores se tornam o padrão de medir a retidão, elas
obscurecem os testes genuínos de retidão.
Trecho do livro “Como devo viver neste mundo?” de R. C. Sproul,
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