SANTO OU PROFANO?
Misturando o Santo e o Profano... Uma péssima
Idéia.
"A meu povo ensinarão a distinguir entre o
santo e o profano e o farão discernir entre o imundo e o limpo."
Ezequiel 44:23.
Esse capítulo do livro do profeta Ezequiel traz
algumas orientações direcionadas aos sacerdotes daquela época. Orientações
estas dentro de um contexto de reforma no ministério do santuário. A
organização, o cuidado e o zelo que Deus tinha fica muito claro no texto e faz
com que reflitamos sobre como nos portamos sendo a Igreja de Cristo e
embaixadores de Cristo nesse mundo. Sabemos que a Bíblia não é um livro de
exemplos, mas sim de princípios de Deus necessários para a vida do Homem e
da Igreja.
Portanto, estes princípios bíblicos devem ser
entendidos e praticados para que encontremos de Deus a aprovação e a benção em
nossas atitudes e motivações.
Penso ser
essa a preocupação de boa parte dos líderes cristãos
que identificam uma tendência cada vez maior de misturar o santo com o
profano em todas as áreas da vida cristã, principalmente no que diz
respeito ao culto cristão nas igrejas evangélicas de nosso país.
Temos visto abertamente pessoas que sem nenhum
critério, formação ou escruspulos se arrogam no direito de ensinar ao povo
de Deus conceitos e princípios totalmente contrários ao que nos revela a
Palavra de Deus e com isso destroem as marcas e estacas fincadas muitas vezes
com o preço da própria vida pelos nossos irmãos do passado.
O tradicionalismo corrói e mata, mas a tradição
ensina e direciona para o crescimento sadio e estruturado.
Vemos os bons costumes e as boas tradições serem
deturpadas e mescladas com eventos e situações profanas como se isso fosse
natural e normal à vida de um cristão verdadeiramente regenerado.
A orientação feita por Deus através de seu profeta
é hoje tão atual como o era naquele tempo.
Entre tantas, menciono algumas misturas do santo
com o profano utilizadas largamente por muitos grupos e denominações
evangélicas em nosso país:
a) A Mistura do Culto Cristão com "Culto a
Pessoas".
Com a justificativa de comemorar ou homenagear
alguém, muitas vezes faz-se uma pausa no culto para direcionar toda a
atenção e honrarias a uma pessoa específica, na maioria das vezes o próprio pastor
da igreja. Nada contra honrar o ministro que ali se encontra. Nada contra
homenagear e demonstrar amor por um líder. Nada contra celebrar o aniversário
do pastor ou o dia do pastor. Mas, o que vemos muitas vezes é uma verdadeira
entronização e endeusamento que somente produz vaidade em muitos líderes,
inveja de muitos que ali desejavam estar e um ensinamento equivocado do que é
servir a Deus no ministério pastoral.
Culto cristão é culto a Cristo. Não podemos perder
o foco. Não podemos esquecer de quem devemos direcionar nossa adoração e
louvor. A estrela é Cristo.
A sequência de entrega de presentes, de homenagens,
de declarações de amor ou de outras formas usuais podem muito bem serem
realizadas em outro momento que não seja no culto.
Porque não ir a casa do pastor e
assim honrá-lo. Por que tem que ser na igreja e no culto?
Misturar culto cristão com entrega de presentes e
homenagens a pessoas é um atitude perigosa que pode produzir mais malefícios do
que benefícios.
b) A Mistura da Pregação Bíblica com a Filosofia
Humana
(Atos 20:26-28; 1 Coríntios 2: 1-5)
Muitos pensam que pregar a Palavra de Deus é
simplesmente filosofar. Imaginam que levar o povo ao mundo das idéias,
argumentações e opiniões diversas sobre várias coisas é o ideal da pregação.
Alguns ainda dizem: - Vou trazer-lhes uma reflexão.
E divagam sobre várias formas de pensar com relação
aos problemas da humanidade como se as divagações, reflexões superficiais e
argumentações humanas produzissem fé e arrependimento nas pessoas pelo simples
fato de comunica-las.
Fazem uma preleção sem contudo aplicar à vida de
seus ouvintes a verdade da Palavra de Deus, para que Ela mediante o poder do
Espírito produzisse mudança e transformação.
Ficam apenas no mundo da idéias e que
podem produzir até simpatia, porém não arrependimento
e salvação eterna.
Estes amam mencionar nomes de filósofos, teólogos,
escritores, obras de todo tipo... Mas, esquecem o principal: A pregação da
cruz.
c) A Mistura da Alegria Verdadeira com a Falta de
Reverência (1 Coríntios 6:12; 10:23)
Em muitos cultos confunde-se a alegria com a falta
de respeito e temor a Deus.
Podemos nos alegrar, celebrar e louvar a Deus, sem
contudo criarmos um ambiente de bagunça e confusão no culto.
O culto festivo nada tem a ver com um culto
desorganizado ou relaxado.
O culto racional se opõe a atitudes bizarras e
inconvenientes tais como: andar como um animal, imitar o jeito e o som de
animais ou pular sapateando como alguém descontrolado e desequilibrado.
Estas atitudes não encontram respaldo no texto
bíblico. Não há nenhuma orientação para que os cristãos cultuem a Deus desta
forma. O histerismo, a possessão e a falta de equilíbrio emocional
não são características do mover do Espírito Santo revelados na Bíblia.
Estas atitudes que entendo ser inadequadas para o
contexto cristão são largamente encontradas em outras religiões e cultos não
cristãos e isso deveria nos alertar ou pelo menos chamar a atenção de muitos
que imitam estas atitudes.
Atitudes físicas como levantar as mãos, aplaudir,
ajoelhar, prostrar, cantar, tocar instrumentos, dar brados de júbilo e outras
como salmodear, louvar com hinos e cânticos espirituais são encontradas na
Bíblia e devem pautar nossa postura no culto cristão.
d) A Mistura do Marketing com os Dons Espiriuais
para Pregar, Administrar e Governar (2 Tim. 3: 16,17; 1 Coríntios 1:
18-25).
Uma das principais filosofias do marketing e
da propaganda é agradar o cliente, suprindo suas necessidades básicas, para que
ele adquira e consuma o produto que este lhe apresenta ou comercializa.
Esta filosofia segue na contra-mão do
Cristianismo bíblico.
A pregação bíblica não serve e não veio para
agradar o Homem.
Jesus não é produto. Ele não está aí pra ser
vendido ou para saciar as necessidades e desejos de alguém.
A Igreja não é uma instituição de caridade
ou uma organização que tem o objetivo de trazer entretenimento
ou diversão as pessoas tristes e carentes.
A Palavra de Deus trata com questões que as pessoas
não desejam que sejam sequer "tocadas". Não é agradável. Tira as
pessoas de sua área de conforto. "Mexe" com assuntos que incomodam a
muitos e exige mudança de atitude e renúncia de velhos "vícios" e
desejos carnais.
Não tem nada a ver com marketing, tem a ver com
poder de Deus. Tem a ver com o plano de Deus para a salvação da humanidade. Tem
a ver com o pecado que abunda e com a graça de Deus que é superabundante
sobre aquele que ouve a Palavra e a pratica.
A verdadeira mensagem da Cruz unida ao dom espiritual
de administrar (governar ou presidir) não enche igrejas (templos) muitas vezes,
mas enche pessoas com o Espírito Santo.
Não precisamos de marketeiros pra isso.
e) A Mistura de ritmos que fascinam com letras que
decepcionam
De uns tempos pra cá, a qualidade de nossos hinos
ou como gostam de dizer, louvores, tem diminuído substâncialmente.
Os ritmos, as melodias, assim como a qualidade de
nossos músicos tem melhorado bastante. Porém, nossos compositores tem sido, em
grande parte uma decepção.
Letras sem sentido, sem fundamento bíblico e não
poucas vezes repletas de erros gramaticais e teológicos.
Seguem uma receita mundana de frases que parecem
legítimas, mas que trazem apenas promessas falsas, banalidades e
superficialidade que certamente não se alinham com a revelação bíblica,
muito parecidas com a estratégia de cantores populares que se utilizam desse
expediente no contexto mercadológico para fazer sucesso e consequentemente
vender seus cds.
Algumas possuem um nível de "intimidade"
com Deus que ultrapassam os limites do temor e tremor ao Senhor. Misturam
intimidade, liberdade com libertinagem e falta de respeito. Produzem um falso
louvor e criam um ambiente em desarmonia e incoerente para um
culto cristão , muito semelhante ao que Moisés discerniu quando desceu do
monte.
Existem exceções, mas são pouco divulgados. Deve
ser porque escolheram servir a Deus em suas congregações locais do que partir
para uma busca desenfreada e a qualquer preço pela fama (escolha
muito acertada em minha opinião). São os verdadeiros "levitas"
integrantes de ministérios de louvor em várias igrejas espalhadas por nosso
país. Não possuem cd's ou dvd's muitas vezes, mas tem um lugar garantido junto
ao coro celestial e no coração de muitos adoradores do Senhor.
f) A Mistura da Política com o Ministério
Pastoral (1 Pedro 5: 1-4; Hebreus 13: 7-17)
Sei que fazer política faz parte da vida humana.
Mas a política ruim e egoísta é uma opção.
Precisamos separar a administração segundo os
princípios e valores bíblicos da política humana que na maioria das vezes busca
seus próprios interesses.
Quantas denominações evangélicas estão corrompidas
pela política "suja" de seus líderes. Quantas pessoas foram ordenadas
ou consagradas ao ministério pastoral apenas por serem "homens de
confiança" de alguém ou para obter votos em eleições ou convenções
eclesiásticas e não por possuírem vocação e chamado de Deus para tal missão e
posição.
Quantos púlpitos são maculados por pastores que se
abstem de pregar o Evangelho para fazer política denominacional e até para se
elegerem em cargos públicos.
É lamentável vermos denominações históricas e que
marcaram a vida brasileira sendo destruídas por pessoas que não são chamados
para liderar o povo de Deus mas para serem políticos, na pior concepção da
palavra.
Conclusão:
Há muitos outros exemplos que eu poderia mencionar
aqui, quem sabe em outra postagem ou artigo liste mais alguns.
Por fim, lembro que nosso adversário procura nos
enganar (1 Pe. 1: 13-16; 5:8).
Ele pretende nos iludir, fazendo com que não nos
importemos com essas misturas.
Ele deseja que misturemos o santo com o profano.
Que não distinguamos a benção da maldição.
Tenhamos como líderes e servos de Deus,
discernimento para avaliar, examinar e separar o santo do profano.
A Palavra de Deus sempre será uma peneira, um
filtro ideal para cumprirmos essa tarefa.
Não deixemos o adversário confundir nossos irmãos.
Ensinemos o que é correto, o que é bíblico, mesmo
que para isso, precisemos pagar o preço.
Afinal de contas, é isso que se espera de nós.
Pr. Magdiel G. Anselmo.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário