BENTO XVI: islamismo, aborto,
homossexualidade, documentos secretos, pedofilia … Em oito anos de papado,
muitas polêmicas
O papa
Bento 16 conduziu seus oitos anos de pontificado com mão de ferro: protestou
contra os diretos dos homossexuais, o aborto e a eutanásia, e enfrentou outras
religiões, como o islamismo.
O
pontífice também precisou lidar com diversos escândalos surgidos durante seu
comando. Confiram abaixo uma lista de polêmicas que emergiram em seu
pontificado.
HOMOSSEXUALIDADE - Em
novembro de 2005, o Vaticano impôs restrições à ordenação de homossexuais como
padres. “A Igreja não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sacras aqueles que
praticam a homossexualidade, apresentam profundas tendências homossexuais ou
apoiam a chamada cultura gay”, disse Bento XVI.
Já em
novembro de 2010, o papa chegou à Espanha para uma visita de dois dias e atacou
o aborto e o casamento homossexual, recentemente legalizado no país, durante
missa em que consagrou a célebre igreja barcelonesa da Sagrada Família.
As
declarações fizeram parte de críticas mais amplas do pontífice ao “secularismo
agressivo” da Espanha.
ISLÃ - Em
setembro de 2006, o papa visitou sua terra natal, a Baviera, na Alemanha, e,
durante um discurso em Regensburg, ele motivou protestos do mundo islâmico ao
citar um imperador bizantino do século XIV, segundo o qual o islamismo se
difundiu pela espada e só fez mal ao mundo.
Dias depois,
Bento XVI disse “lamentar profundamente” a reação muçulmana ao seu discurso,
que, segundo ele, foi mal compreendido.
Já
em novembro, durante uma visita à Turquia, o papa estendeu a mão aos
muçulmanos, em um gesto histórico de reconciliação, para que, juntos, encontrem
“um caminho para a paz”. Ao visitar a Mesquita Azul, em Istambul, Bento XVI se
tornou o segundo papa a visitar um local sagrado para o Islã. [Ali, cruzando os braços no peito, e não fazendo
o sinal da cruz, ele rezou e lembrou que cristãos e muçulmanos veneram o mesmo
Deus.]
ABORTO - Em
maio de 2007, o papa veio ao Brasil, em sua primeira viagem à América Latina, e
ameaçou excomungar políticos que defendem o direito ao aborto.
Ao fim da
mesma viagem, após celebrar uma missa para 150 mil fiéis e visitar o
ex-presidente Lula, uma outra polêmica: em um discurso para os arcebispos da
América Latina e Caribe, declarou que a Igreja Católica não se impôs,
apenas purificou os indígenas da América e que a retomada de suas religiões
seria um passo para trás.
Os líderes
indígenas brasileiros classificaram a atitude do papa como “arrogante e
desrespeitosa”.
A ÚNICA - A
Congregação do Vaticano para a Dourtirna da Fé, órgão que Bento XVI havia
dirigido antes de se tornar papa, publicou, em julho de 2007, um documento no
qual reafirma que a Igreja Católica é a única verdadeira igreja de Jesus
Cristo.
Declarações
deste tipo, emitidas por João Paulo II em 2000, provocaram a ira da comunidade
protestante.
GENÉTICA - Em
março de 2008, o Vaticano atualizou os sete pecados capitais, introduzindo os
sete pecados mortais modernos.
Entre os
novos pecados estão: “prejudicar o meio ambiente, participar de experimentos
cietíficos duvidosos e de manipulação genética, acumular riqueza excessiva, consumir
ou traficar drogas e promover a pobreza, a injustiça ou a desigualdade social”.
O HOLOCAUSTO - Bento
XVI revogou a excomunhão de dois arcebispos tradicionalistas, em fevereiro de
2009.
Um
deles, [o britânico]
Richard Williamson, havia negado o Holocausto em uma entrevista na televisão. A
decisão provocou grande ira na Europa, e a chanceler alemã, Angela Merkel,
pediu para que o papa esclarecesse sua posição sobre o assunto.
PEDOFILIA - Um
dos escândalos que mais atingiu a imagem da Igreja Católica aconteceu em 2010,
quando padres das igrejas da Irlanda, Alemanha, Áustria, Bélgica e Estados
Unidos foram acusados de [milhares
de casos de] pedofilia.
O escândalo
respingou no papa, que chegou a ser acusado de ter “encoberto” os padres
pedófilos durante seu tempo como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
Por causa das
acusações, o Papa Bento XVI foi forçado a demitir vários bispos e ainda ordenou
a limpeza da irmandade dos Legionários de Cristo, depois de descobrir que seu
fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, falecido em 2008, abusou sexualmente
de seminaristas e teve filhos com diversas mulheres.
O
papa reconheceu no livro-entrevista Luz do Mundo,
do escritor alemão Peter Seewald, que o caso de Maciel foi tratado com
“lentidão e demora”, porque “foi muito bem encoberto”.
ORLANDI - Em
maio de 2012, a polícia italiana abriu uma tumba na Basílica de São Apolinário,
onde estão enterrados vários cardeais e altos cargos do Vaticano, e confirmou a
existência de dezenas de ossadas e do corpo intacto do mafioso Enrico De Pedis,
um dos chefes da organização Magliana, que agia em Roma.
De Pedis, que
morreu em 1990, é suspeito do desaparecimento da jovem Emanuella Orlandi, há
quase 30 anos, filha de um empregado do Vaticano, que vivia no pequeno Estado
papal.
A suspeita
foi confirmada após análises de DNA. A decisão do Ministério Público de reabrir
o túmulo veio depois de um telefonema anônimo a um programa de TV, em 2005, que
denunciava o enterro do mafioso na basília romana.
Pouco depois,
a ex-namorada do mafioso, Sabrina Minardi, revelou que teria sido ele quem
sequestrara Emanuela.
A jovem tinha
15 anos quando desapareceu depois de sair do apartamento da família dentro do
Vaticano para ir a uma aula de música.
A Igreja
ainda teria aceitado um bilhão de liras (mais de R$ 1,245 milhão), a antiga
moeda italiana, como pagamento para permitir o enterro do mafioso.
VATILEAKS - O
escânadalo mais recente do pontificado de Bento XVI foi o caso conhecido como
“VatiLeaks”: o vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé.
O tribunal do
Vaticano chegou a condenar Paolo Gabriele, ex-mordomo do Papa Bento XVI,
responsável por entregar os documentos ao jornalista Gianluigi Luzzi, que
publicou os dados, a 18 meses de prisão domiciliar pelo roubo.
O papa,
porém, perdoou o ex-funcionário, que foi libertado pouco mais de dois meses
após a sentença. O papa perdoou ainda Claudio Sciarpelletti, funcionário da
Santa Sé condenado por ser cúmplice de Gabriele.
O ex-mordomo
foi preso em maio de 2012, quando a polícia encontrou cópias de documentos
papais em sua casa. O ex-ajudante admitiu ser a fonte do vazamento de
documentos da Santa Sé para a imprensa, incluindo cartas ao papa que
denunciavam supostos atos de corrupção nos negócios do Vaticano e textos que
revelavam disputas internas.
Fonte: O
Globo, via revista Veja On Line
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